"Todas as noites ele lhe contava uma história. A história de como se tinham conhecido, de como os amigos comuns os tinham apresentado, num baile de verão. Contava-lhe como ela dançara bem num leve vestido amarelo, como ele não conseguira despregar os olhos dela, do seu longo cabelo louro naquela noite.
Contava-lhe como ela estava bonita e sorridente, como o seu sorriso o cativara e os seus olhos enormes o arrebataram. Contava-lhe como ela o intimidara com a sua beleza, e como ele a achara demais para si.
Ela fitava-o, atenta e curiosamente, sempre que ele contava esta história. Queria saber o seu desenrolar. Era uma história bonita, que ela gostava de ouvir.
E quando, no fim de ele contar a história ela perguntava quem era a menina bonita, ele sentia um aperto tão grande no peito que pensava que o seu coração ia rebentar.
E quando os olhos grandes dela lhe mostravam, já com alguma frequência mas sempre com a mesma delicadeza, não se lembrar dele, ele segurava as lágrimas (os homens não choram) e tentava juntar os estilhaços em que o seu coração se despedaçava sempre que sentia a dor do esquecimento dela."
"História de Alzheimer (1)" de um blogue muito querido
http://thoughtful-red.blogspot.com/
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